15 Fevereiro 2014
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15/02/2014 17h22
Brasília
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Edição: Beto Coura
dinheiro
Marcello Casal / Agência Brasil
Abrir o próprio negócio parece ser a solução perfeita para quem quer fugir do patrão e, ao mesmo tempo, ajudar a economia por meio da criação de empregos e do aumento da produção. Esse passo, no entanto, requer planejamento e cuidado para não terminar em dor de cabeça. A falta de gestão profissional, dizem especialistas, põe em risco a sobrevivência das micro e pequenas empresas.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), a taxa de mortalidade das empresas com mais de dois
anos de funcionamento corresponde a 24,6%. Na prática, uma em cada
quatro empresas fecha até dois anos após a criação. Grande parte do
índice pode ser atribuída à má administração.
O principal problema diz respeito à mistura entre o patrimônio
pessoal dos donos e o dinheiro das empresas. A falta de um sistema claro
de contabilidade compromete a manutenção e a capacidade de investimento
das empresas. A dificuldade, dizem os especialistas, não se restringe
aos negócios familiares e acomete grande parte das empresas.
“Sem uma separação definida entre o patrimônio pessoal e da
empresa, os donos ou os sócios fazem retiradas sem o devido cuidado e
põem em risco a contabilidade do negócio”, adverte o consultor Marcello
Lopes. Para ele, os proprietários precisam saber quanto a empresa rende,
para somente então definirem o valor das retiradas. “O empresário não
pode simplesmente retirar o valor que quiser porque a renda dele é
determinada pelo lucro do negócio”, acrescenta.
A falta de profissionalização na administração das empresas
também pode causar problemas com o Fisco. “Por falta de conhecimento, as
retiradas para proveito próprio do dono são registradas como despesas
relacionadas à atividade da empresa, que reduzem o lucro e diminuem o
Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido”, explica
o advogado tributarista Edemir Marques de Oliveira.
Se a Receita constatar que as despesas foram registradas de
forma errada e diminuíram o lucro artificialmente, ela pode auditar a
empresa. “No fim, o empresário vai pagar ainda mais impostos e ter dor
de cabeça mesmo que não tenha tido a intenção de burlar o Fisco”, diz o
advogado.
Pela legislação, as empresas que faturam até R$ 360 mil por ano
pagam os tributos federais, estaduais e municipais por meio do Simples
Nacional. Segundo Lopes, o regime simplificado de tributação, ao mesmo
tempo em que facilitou a vida das empresas, desestimulou os pequenos
negócios a buscar uma gestão profissional. “No Simples Nacional, basta
um livro-caixa para pagar os impostos, mas isso não significa que as
empresas devam ser descuidadas com a administração e a contabilidade”,
diz.
A falta de planejamento compromete o crescimento das empresas no
médio e no longo prazo, principalmente quando as empresas faturam mais e
saem do Simples Nacional. "Uma gestão descuidada compromete não só o
pagamento de impostos como atrapalham a obtenção de crédito para a
empresa porque ela não consegue justificar a contabilidade aos bancos”,
alerta Lopes, que presta orientação a empresas que querem
profissionalizar a administração.
Para Oliveira, o custo de as micro e pequenas empresas
recorrerem a uma consultoria para profissionalizar a gestão compensa os
resultados. Caso o custo seja alto, o advogado aconselha os empresários a
procurar as associações comerciais e as unidades do Sebrae para
receberem orientações sobre a administração dos negócios. “Essas
entidades ajudam o empresário a correr atrás de uma gestão um pouco mais
profissional”, comenta.
15 Fevereiro 2014
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