Escrito por Almir Saldanha
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09 Julho 2013
Nacional
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Oito em cada dez brasileiros ouvidos pelo Ibope e pelo
Instituto Patrícia Galvão (78% dos entrevistados) para uma pesquisa
sobre a presença de mulheres na política defenderam a obrigatoriedade de
uma divisão com o mesmo número de candidatos e candidatas nas listas
partidárias para eleições. Para 1,6 mil entrevistados, essa composição
meio a meio da lista de candidatos deveria ser obrigatória nas eleições
para o Legislativo municipal, estadual e federal. Os dados fazem parte
do estudo Mais Mulheres na Política, divulgado hoje (9) em Brasília.
“O Brasil ocupa o 121º lugar com relação à participação das
mulheres na política em um ranking de 189 países”, destacou a socióloga
Fátima Pacheco Jordão, diretora do Instituto Patrícia Galvão e
integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras. A lista revela que
países como o Iraque e o Afeganistão têm mais mulheres no poder do que
no Brasil.
“Não estamos acostumados, nem no futebol, nem na economia, a ter
uma posição tão vergonhosa quanto esta. Se continuar neste ritmo,
levaremos 150 anos para atingir a paridade [entre homens e mulheres em
cargos políticos]. São 15 gerações”, alertou a socióloga.
O levantamento foi feito com base na resposta de mais de 2 mil
pessoas com mais de 16 anos, entrevistados entre 11 e 15 de abril deste
ano, em todas as regiões do país. Deste total, a maioria (mais de 1,4
mil) considerou fundamental a alteração nas leis eleitorais para
garantir que as mulheres representem a metade dos candidatos a cargos
eleitivos. Atualmente, a legislação eleitoral brasileira reserva 30% das
candidaturas para as mulheres e apenas 10% do tempo de propaganda
eleitoral para cotas de sexo.
No Senado Federal, entre 81 vagas, apenas 13 são ocupados por
mulheres, sendo que, atualmente, oito senadoras exercem ativamente a
atividade. Apenas uma das 11 comissões da Casa é presidida por uma
senadora. Na Câmara dos Deputados, das 513 vagas, 44 são ocupadas por
mulheres e apenas uma das 21 comissões permanentes é liderada por uma
deputada. As mulheres ocupam apenas 10% das prefeituras e representam
12% dos membros das câmaras municipais.
A ministra Helena Chagas, que chefia a Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República, destacou que a pesquisa foi feita
meses antes das manifestações que tomaram, recentemente, as ruas do
país. “É espantoso o quanto as mulheres têm baixa representação nas
instituições polícas do país. O resultado da pesquisa mostra que todos
reconhecem isso e que a representação política do país não reflete a
sociedade”, afirmou a ministra.
Helena Chagas lembrou que a população brasileira é formada por
mais de 52% de mulheres. “Se a mulher, hoje, tem participação expressiva
no mercado de trabalho, na política não institucional [em movimentos
sociais e empresas, por exemplo], essa presença não se reflete, ao menos
numericamente, no Parlamento”, completou.
A ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci,
ressaltou o fato de a maioria dos entrevistados associar a democracia a
uma divisão mais equilibrada entre a participação de homens e mulheres
nas listas partidárias. “A pesquisa evidencia que não existe processo
democrático sem democracia de gênero e sem participação das mulheres.”
Os números divulgados hoje mostraram que, para 74% dos
entrevistados, a garantia da democracia depende da presença de mais
mulheres nos espaços de poder e tomada de decisões e que quase 1,5 mil
entrevistados defendem punição aos partidos que não apresentarem uma
lista com 50% de candidatos e 50% de candidatas.
Para Eleonora Minecucci, o estudo mostra que a proposta do
Executivo de um plebiscito sobre a reforma política pode alterar a atual
situação. “Pretendemos que a sociedade brasileira dê o salto
qualitativo da democracia representativa para a democracia
participativa.”
A maior parte das pessoas entrevistadas informou ter renda
familiar entre um e cinco salários mínimos, sendo que 55% declararam
condições equivalentes às da classe econômica C. Mais de 40% dos
brasileiros foram ouvidos na Região Sudeste.
Edição: Nádia Franco
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