segunda-feira, 21 de julho de 2014

"Engraçado o comportamento deste ano... apenas no norte do Paraná vimos um padrão semelhante ao de São Paulo, no resto do Estado teve chuva e algumas usinas podem ter produtividades melhores"



Fonte: Reuters


Áreas do Paraná e Mato Grosso do Sul beneficiadas por chuvas recentes poderão compensar parte da quebra de safra de cana 2014/15 nos grandes Estados produtores afetados pela estiagem no centro-sul do Brasil, maior produtor global de açúcar, disseram associações locais.


Os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul são, respectivamente, quarto e quinto maiores produtores do centro-sul, com safras somadas de quase 100 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o equivalente a cerca de um sexto da produção do centro-sul.


Com um padrão de chuvas recentes mais regular após a severa seca que atingiu praticamente todas as áreas produtoras no início do ano, o crescimento na produção desses Estados compensará, por exemplo, a queda de pouco mais de 5,5 milhões de toneladas esperada para São Paulo, de longe o maior produtor do centro-sul, com moagem de mais de 350 milhões de toneladas.


"Engraçado o comportamento deste ano... apenas no norte do Paraná vimos um padrão semelhante ao de São Paulo, no resto do Estado teve chuva e algumas usinas podem ter produtividades melhores", disse o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin.


Em Mato Grosso do Sul também foram registradas boas chuvas após a seca atípica do começo do ano, que ajudaram a recuperar parte dos canaviais, e a safra deve crescer 6 por cento, para 44,3 milhões de toneladas, segundo a associação dos produtores sul-mato-grossenses (Biosul).


Somadas as previsões das associações dos dois Estados, o aumento da oferta em 14/15 pode chegar a cerca de 4 milhões de toneladas, um volume ainda conservador em comparação com o número da Conab, de crescimento de 12 milhões de toneladas.


O Mato Grosso do Sul ainda registra um crescimento importante de área plantada, de quase 10 por cento, segundo a Conab, em meio a uma recuperação de produtividade após o Estado ser atingido por geadas em 2013, que afetaram uma área de 100 mil hectares.


"São usinas novas no Estado, então teve aumento de área para ter mais cana disponível", disse o diretor técnico da Biosul, Paulo Aurélio, ressaltando que a cana colhida a partir de agora pode apresentar melhores produtividades, uma vez que sentiu menor efeito das geadas do ano passado.


A seca atípica no começo do ano no centro-sul, que responde por mais de 90 por cento da safra nacional, afetou o desenvolvimento das plantas e levou analistas e consultorias a reduzirem suas estimativas para a produção de açúcar, com impacto nos preços dos contratos futuros em Nova York .


Além de São Paulo, Goiás e Minas Gerais (segundo e terceiro produtores de cana) também sofreram fortemente com a seca, e não tiveram o mesmo padrão climático benéfico de Mato Grosso do Sul e Paraná após severa estiagem em plena estação chuvosa.


Nesse contexto, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) estimou em abril a moagem de cana do centro-sul em 2014/15 (abril/março) em 580 milhões de toneladas, recuo de quase 3 por ante a temporada passada.


Procurada, a Unica não se manifestou sobre o assunto.


O meteorologista Celso Oliveira, da Somar, explicou que Paraná e Mato Grosso do Sul receberam chuvas entre a segunda quinzena de maio e junho, enquanto São Paulo teve um tempo mais seco, com algumas das áreas produtoras do Paraná tendo volumes acima da média.


A partir de agora, os representantes dos dois Estados disseram que a preocupação é acompanhar o clima, já que a eventual ocorrência de geadas pode afetar a produção.


Oliveira, da Somar, ponderou que por ora não se tem a perspectiva de geadas em áreas produtoras, mas o assunto ficará no radar dos produtores.


Fabíola Gomes



Perfis póstumos continuam sendo alimentados após a partida dos entes queridos

por THIAGO JANSEN
20/07/2014 6:00 / Atualizado 20/07/2014 10:01

Amanda Tinoco perdeu seu filho adolescente há 5 meses. A internet a ajuda a lidar com o luto. Foto: Camilla Maia

Em janeiro passado, Amanda Tinoco, de 36 anos, sofreu a maior dor que pode se abater sobre uma mãe: em coma por quatro dias depois de ser atropelado, seu filho, Gabriel, morreu aos 16 anos. Em choque pela perda e em meio à saudade, a analista de telecomunicações encontrou no Facebook um canal para processar seus sentimentos, a partir das mensagens de solidariedade que recebeu na rede, das visitas ao perfil virtual de Gabriel e da oportunidade de interagir com os únicos capazes de entender o que ela sente, outros pais que perderam seus filhos.


O caso de Amanda não é exceção. Onipresentes na vida de milhões, as redes sociais transformaram a forma como nos relacionamos com o mundo, extinguindo, para muitos, as fronteiras entre o real e o virtual. Um grande impacto na vida e também na morte. Num fenômeno já notado por terapeutas e pesquisadores, esses sites vêm adicionando novos elementos à forma como lidamos com a perda de pessoas amadas, seja pela presença dos perfis dos mortos ou de grupos que os reúnem.


MENSAGENS DE AMIGOS E ESTRANHOS


Esta semana, o luto digital mostrou sua força global. Somente algumas horas depois de anunciada a trágica queda do avião da Malaysia Airlines sobre o Leste da Ucrânia, matando 298 pessoas, parentes e amigos de muitos deles iniciaram uma corrente de posts de despedida que se espalharam pela internet. Um texto postado por um dos passageiros que desistiram do voo — um holandês que publicou em sua página no Twitter uma foto do avião em que embarcaria — acompanhado de uma mensagem que fazia referência ao avião da Malaysia sumido em março, no qual ele também quase embarcou, foi compartilhado por centenas de milhares de internautas mundo afora. Sempre com palavras de luto e pesar. As redes se tornam, assim, a um só tempo, canais de informação e homenagem.


— Quando o acidente (com o filho, Gabriel) aconteceu, o Facebook acabou servindo como ferramenta de informação para nosso círculo de amigos, que passou a acompanhar a nossa luta durante o coma. O que vimos pela rede foi uma grande mobilização por meio de preces, mensagens de apoio e canalização de energia — lembra Amanda.


Nas primeiras semanas após a perda de Gabriel, marcadas por “entorpecimento e reclusão total”, Amanda diz que navegar na web era uma das poucas atividades que conseguia fazer devido à falta de disposição para conversar com outras pessoas. Nesse momento, o site a ajudou a descrever o seu desespero, mas também a encontrar conforto em homenagens de amigos do filho registradas no perfil do jovem — ainda mantido on-line por ela.


Em maio, com a aproximação do Dia das Mães, Amanda criou uma página na rede dedicada a mães que, assim como ela, perderam seus filhos.


— Isso foi importante, ajudou a formar uma rede de solidariedade. Só uma mãe nessa situação entende a dor que a morte de um filho provoca. Por isso, a cumplicidade encontrada nos ajuda — afirma, em referência à página “Mães para sempre”. — No meu caso, isso só foi possível por causa das redes.


Médica e terapeuta especializada em luto há 14 anos, Adriana Thomaz afirma que, há pelo menos cinco, nota os impactos que sites como o Facebook têm nas pessoas que perderam entes queridos.


— Se, antes, as redes eram usadas para homenagear os mortos, agora elas estão se tornando espaços de busca por solidariedade. Além disso, há também uma tendência na formação de grupos envolvendo pessoas com experiências semelhantes, que se associam para buscar compreensão — explica Adriana. — Há ainda uma necessidade de não deixar a memória do ente desaparecer, a partir da manutenção do seu perfil virtual.


Adriana diz observar que, em diversos casos, como o de Amanda, as redes digitais vêm ajudando os enlutados a lidar com a ausência da pessoa querida. No entanto, isso não é regra:


— Há aspectos negativos também. No luto, a negação também é uma fase, e, ainda que saudável e natural, quando prolongada pode tornar a vida da pessoa complicada. Nesses casos, a dificuldade de lidar de maneira saudável com as dinâmicas das redes pode fazer com que o enlutado as use como forma de evitar a realidade.


Maria de Lourdes Casagrande, de 53 anos, diz ter consciência sobre a dualidade dos efeitos que o virtual pode ter sobre aqueles que perderam alguém. Depois da morte do filho Denis, de 21 anos, em setembro de 2013, ela conta que decidiu preservar o perfil do jovem no Facebook como forma de “mantê-lo vivo”.


— Nesse momento, você só pensa em preservar a memória da pessoa. E como, para os jovens, o site é muito usado, faz sentido manter a página no ar para que as pessoas que o conheceram possam se lembrar dele — afirma a gerente comercial, que, apesar da decisão, diz ainda não se sentir preparada para visitar a página. — Ainda é muito doloroso.


No entanto, a rede também tem sido fonte de alento. Após a morte do jovem, assassinado em uma festa na Universidade de Campinas (SP), onde estudava, os amigos dele criaram a página “Somos todos Denis” no Facebook, para homenageá-lo. Ainda que a visite apenas às vezes, Maria de Lourdes diz que as mensagens deixadas nela lhe fazem bem:


— Não tiram a minha dor, mas aliviam. Agora, queiramos ou não, essa presença na rede também remete à dor da perda. Então, tento não acessá-la nos momentos em que estou me sentindo frágil.


Após a morte de um usuário, as redes sociais permitem que o seu perfil possa ser retirado da web ou assumido por parentes, mediante solicitação e envio de documentos. Mas essas informações costumam ficar meio escondidas. Para aqueles que optarem por assumir os perfis dos que se foram, é importante explicitar que o gerenciamento está sendo feito por outra pessoa.


— Isso evita que, em momentos de fragilidade, pessoas enviem mensagens achando que ninguém vai lê-las, mas que podem causar constrangimentos — afirma a terapeuta Adriana.


Para além da administração das páginas dos que se foram por parentes, grupos de usuários se dedicam a listar os perfis dos mortos, estabelecendo uma espécie de cemitério virtual. Criada no Facebook em 2009, o “Profiles de gente morta” reúne mais de 10 mil membros que, diariamente, incluem perfis de recém-falecidos, adicionando a causa da morte e, quando possível, notícias que a comprovam.


Ainda que reconheça que a página pode ser vista como mórbida, seu criador, Victor Santos, de 33 anos, nega que explorar a dor alheia seja sua intenção:


— O objetivo principal é que ela funcione como uma espécie de memorial aos falecidos com perfis na rede, uma homenagem e um registro virtual. Entendo os julgamentos. Não é algo comum, gera interpretações incorretas. Mas a página trata de algo natural, que faz parte da vida.


FENÔMENO É TEMA DE ESTUDOS


Moderadora do grupo, Ana Bittencourt, de 39 anos, vê a popularidade dele como resultado da curiosidade que muitas pessoas sentem sobre a morte.


— Para muita gente, a morte ainda é um tabu, e o grupo acaba sendo um espaço onde elas têm liberdade para discuti-lo — afirma. — Há regras. Proibimos imagens de violência. Também inibimos críticas aos falecidos porque não admitimos desrespeito. Já recebemos pedidos para remover perfis da lista. Nesses casos, atendemos prontamente. Não é nossa intenção magoar ninguém.


A relação do mundo virtual com a morte atrai inúmeros pesquisadores. Organizado pelos professores Cristiano Maciel e Vinicius Pereira, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o e-book “Digital Legacy and Interaction: Post-Mortem Issues” (Legado digital e interação: Questões pós-morte), de 2013, reúne artigos do mundo todo que abordam aspectos técnicos, legais e culturais do tema.


Para Cristiano, o assunto tende a se intensificar:


— Antigamente, o cemitério ficava longe, mas agora a presença da pessoa falecida está logo ali. E muitos jovens da geração Z estão tendo o primeiro contato com o tema nesse ambiente — afirma.


Fonte:Agencia Paranaense de Noticias

O primeiro lote de vacina antirrábica produzido pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) com o uso de tecnologia de cultivo celular por processo contínuo foi entregue nesta sexta-feira (18) ao Ministério da Saúde. Essa entrega coloca o Tecpar como o único no mundo a desenvolver esse imunobiológico em escala industrial, com a técnica de perfusão, que aumenta o valor agregado do produto.

Nesse primeiro momento foram liberadas um milhão de doses, de um total de 10 milhões de unidades que serão produzidos para o ministério até o fim do ano. Por mês, o Laboratório de Vacinas Virais Veterinárias do Tecpar tem capacidade para produzir três lotes, o que representa 1,2 milhão de unidades.

QUALIDADE - Antes de ser entregue ao Ministério da Saúde, a vacina passa por dois controles de qualidade, um interno e outro externo. Primeiro, a qualidade das doses é analisada pelos técnicos da instituição, para que, em seguida, as amostras sejam enviadas para o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), órgão oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Atualmente, cerca de três milhões de doses já se encontram em controle do Lanagro.

O Tecpar produz a vacina antirrábica pelo método do cultivo celular. Para isso, desenvolveu um o processo de perfusão, método inédito que permite a obtenção de uma vacina mais pura e capaz de induzir maior produção de anticorpos, sendo mais segura para os animais por não provocar efeitos colaterais. Para aumentar a capacidade de produção, o Tecpar tem projeto de ampliação de sua planta de produção.

Fonte: Agencia Paranaense de Noticias

Saúde



O número de casos de gripe, meningite e pneumonia tende a aumentar significativamente durante o inverno. O risco de transmissão cresce devido à maior concentração de pessoas em locais fechados, o que facilita a disseminação de vírus respiratórios. Foto: Venilton Küchler/SESA
O número de casos de gripe, meningite e pneumonia tende a aumentar significativamente durante o inverno. O risco de transmissão cresce devido à maior concentração de pessoas em locais fechados, o que facilita a disseminação de vírus respiratórios.

O clima seco e as baixas temperaturas também contribuem para agravar o quadro clínico de pessoas que sofrem com asma, bronquite e rinite alérgica. Especialistas afirmam que a melhor forma de atenuar ou prevenir esses problemas é manter hábitos saudáveis e lembrar-se de medidas simples de higiene.

O superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, explica que manter uma alimentação balanceada, dormir bem e praticar atividades físicas regularmente reduz as chances de contrair doenças comuns de inverno. “São atitudes simples que fazem toda a diferença na qualidade de vida das pessoas”, disse.

Outra forma de se prevenir é higienizar as mãos com frequência, seja por meio da lavagem com água e sabão ou aplicação de álcool gel. Essa medida é extremamente eficaz para evitar a infecção por doenças respiratórias, cuja transmissão ocorre através do contato com pequenas gotículas expelidas por pessoas doentes.

“Durante a fala, a tosse e o espirro, o doente pode contaminar objetos e até mesmo o ambiente. Por isso, o ideal é que se higienize as mãos sempre após tocar objetos de uso coletivo ou locais como maçanetas e corrimãos, por exemplo”, orienta a chefe do Centro Estadual de Epidemiologia, Cleide de Oliveira.

No caso da gripe, a população também pode recorrer à vacina, disponível gratuitamente na rede pública de saúde para os seguintes grupos: idosos (+60 anos), crianças menores de 10 anos, gestantes, puérperas (mulheres com pós-parto de até 45 dias), doentes crônicos, profissionais de saúde, indígenas, trabalhadores e detentos do sistema prisional.

No inverno, também é comum que as pessoas se automediquem, o que pode mascarar sintomas de um problema mais grave. “Ao sentir febre, mal-estar geral ou qualquer sintoma de maior intensidade, a pessoa deve procurar atendimento médico imediatamente. Tomar medicamentos por conta pode piorar ainda mais a situação”, ressalta a médica da Divisão de Doenças Transmissíveis da Secretaria da Saúde, Júlia Cordelini.

Veja os principais sintomas de algumas doenças comuns no inverno:

GRIPE – febre alta, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, dores no corpo, cansaço e calafrios.

MENINGITE – febre alta, mal-estar geral, dor de cabeça, vômito, dificuldade para movimentar o pescoço, pequenas manchas na pele (petéquias).

PNEUMONIA – febre alta, tosse carregada, respiração dolorosa, calafrios, suor e palidez.

CONJUNTIVITE – olhos vermelhos e lacrimejantes, ardência, pálpebras inchadas, coceira e secreção ocular.