Escrito por Almir Saldanha
|
20 Agosto 2014
Luís Guilherme Barrucho
Da BBC Brasil em São Paulo

Aécio Neves, Dilma Rousseff e Marina Silva | Crédito: Agências (AP, AFP e Reuters)
Na arena de batalha das campanhas eleitorais, os marqueteiros dirão
que nem sempre a melhor defesa é o ataque. Cada vez mais, também é
importante blindar os pontos fracos dos candidatos.
No dia da oficialização da candidatura de Marina Silva à Presidência
pelo PSB, em substituição a Eduardo Campos, que morreu em um acidente
aéreo na semana passada, a BBC Brasil ouviu especialistas para apontar
as maiores fraquezas dos três presidenciáveis mais bem colocados pelas
pesquisas de intenção de votos – e o impacto que elas podem ter nas
urnas. Confira.
Dilma Rousseff
Dilma Rousseff
Idade: 66 anos
Formação: Economista
Partido: PT (Partido dos Trabalhadores)
Cargos ocupados: presidente (atual); ministra da Casa Civil, ministra de Minas e Energia
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Brasil
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff tenta sobrepor uma imagem
de gestora eficiente à dos escândalos de corrupção que acometeram os
últimos 12 anos do governo Partido dos Trabalhadores (PT).
Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, Dilma
apresenta "cansaço eleitoral" e seu maior desafio é propor uma "mudança,
mas com continuidade".
"Os desgastes relacionados ao tempo em que seu partido está no
poder constituem, sem sombra de dúvida, um ponto fraco na candidatura de
Dilma", concorda Antonio Carlos Mazzeo, cientista político da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília.
O cientista político e sociólogo Paulo Baía, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que Dilma tem pouca empatia
junto a uma classe média urbana que cobra "essência das instituições" e
cujas insatisfações não foram "correspondidas".
"Os escândalos ocorridos durante o governo PT 'colaram' na imagem da candidata. É difícil para ela se desvencilhar disso", diz.
Fora do plano político, a economia é outro ponto que especialistas classificam como um dos pontos fracos na plataforma de Dilma.
"A economia não tem tido o mesmo desempenho do que na época de
Lula e a inflação começa a pesar mais fortemente no bolso dos
consumidores, sobretudo os mais pobres", diz Ismael, da PUC-Rio.
Os especialistas ressaltam, contudo, que Dilma ainda tem grande
capital eleitoral em regiões mais pobres do Brasil devido às políticas
de transferência de renda implementadas durante o governo petista, como o
Bolsa Família.
Além disso, tem a seu favor bons índices de aprovação. Segundo
última pesquisa do Datafolha, 38% dos brasileiros avaliam o governo de
Dilma como "bom" ou "ótimo".
Aécio Neves
Aécio Neves
Idade: 54 anos
Formação: Economista
Partido: PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira)
Cargos ocupados: senador (atual), governador de Minas Gerais, deputado federal
Principal
adversário de Dilma na corrida presidencial, o ex-governador de Minas
Gerais e candidato do PSDB à Presidência ainda tem dificuldades de se
firmar como uma alternativa à candidata do PT.
Para Mazzeo, da
Unesp de Marília, "as recentes denúncias envolvendo Aécio Neves tiveram
um impacto fortemente negativo na campanha do tucano, uma vez que
minaram o 'projeto moralizante' que ele propunha para o Brasil, em
relação a Dilma".
Em julho, o jornal Folha de São Paulo publicou
reportagem mostrando que o governo de Minas construiu um aeroporto em um
terreno pertencente ao tio de Aécio.
Mazzeo acrescenta que, além
de faltar "carisma" ao candidato do PSDB, o próprio partido sofre de um
problema "estrutural": "O PSDB não apresenta nenhuma proposta econômica
profundamente diferente da do PT", diz o cientista político.
Para
Ismael, da PUC-Rio, o principal ponto fraco do tucano é "sua
dificuldade de falar com eleitores mais pobres, especialmente os do
Nordeste".
"O maior desafio de Aécio é tentar mostrar que suas
propostas para estimular o crescimento da economia não vão sacrificar as
conquistas sociais obtidas ao longo do governo petista", argumenta.
Já
para Baía, da UFRJ, o tucano, apesar de ter sido governador de Minas
Gerais durante oito anos, não "é um líder nacional testado".
"Aécio ainda não conseguiu obter projeção nacional a partir de seus feitos como líder mineiro", avalia.
Segundo Baía, essa lacuna é observada inclusive em São Paulo, tradicional celeiro da política tucana.
"Aécio
precisou escolher um vice-presidente de São Paulo (Aloysio Nunes) para
tentar ganhar eleitores no estado mais rico do Brasil e tradicionalmente
simpático ao projeto político do PSDB", acrescenta.No dia da
oficialização da candidatura de Marina Silva à Presidência pelo PSB, em
substituição a Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo na
semana passada, a BBC Brasil ouviu especialistas para apontar as
maiores fraquezas dos três presidenciáveis mais bem colocados pelas
pesquisas de intenção de votos – e o impacto que elas podem ter nas
urnas. Confira.
Dilma Rousseff
Dilma Rousseff
Idade: 66 anos
Formação: Economista
Partido: PT (Partido dos Trabalhadores)
Cargos ocupados: presidente (atual); ministra da Casa Civil, ministra de Minas e Energia
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Brasil
Candidata
à reeleição, Dilma Rousseff tenta sobrepor uma imagem de gestora
eficiente à dos escândalos de corrupção que acometeram os últimos 12
anos do governo Partido dos Trabalhadores (PT).
Para o cientista
político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, Dilma apresenta "cansaço
eleitoral" e seu maior desafio é propor uma "mudança, mas com
continuidade".
"Os desgastes relacionados ao tempo em que seu
partido está no poder constituem, sem sombra de dúvida, um ponto fraco
na candidatura de Dilma", concorda Antonio Carlos Mazzeo, cientista
político da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília.
O
cientista político e sociólogo Paulo Baía, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que Dilma tem pouca empatia junto a uma
classe média urbana que cobra "essência das instituições" e cujas
insatisfações não foram "correspondidas".
"Os escândalos ocorridos durante o governo PT 'colaram' na imagem da candidata. É difícil para ela se desvencilhar disso", diz.
Fora do plano político, a economia é outro ponto que especialistas classificam como um dos pontos fracos na plataforma de Dilma.
"A
economia não tem tido o mesmo desempenho do que na época de Lula e a
inflação começa a pesar mais fortemente no bolso dos consumidores,
sobretudo os mais pobres", diz Ismael, da PUC-Rio.
Os
especialistas ressaltam, contudo, que Dilma ainda tem grande capital
eleitoral em regiões mais pobres do Brasil devido às políticas de
transferência de renda implementadas durante o governo petista, como o
Bolsa Família.
Além disso, tem a seu favor bons índices de
aprovação. Segundo última pesquisa do Datafolha, 38% dos brasileiros
avaliam o governo de Dilma como "bom" ou "ótimo".Aécio Neves
Idade: 54 anos
Formação: Economista
Partido: PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira)
Cargos ocupados: senador (atual), governador de Minas Gerais, deputado federal
Principal
adversário de Dilma na corrida presidencial, o ex-governador de Minas
Gerais e candidato do PSDB à Presidência ainda tem dificuldades de se
firmar como uma alternativa à candidata do PT.
Para Mazzeo, da
Unesp de Marília, "as recentes denúncias envolvendo Aécio Neves tiveram
um impacto fortemente negativo na campanha do tucano, uma vez que
minaram o 'projeto moralizante' que ele propunha para o Brasil, em
relação a Dilma".
Em julho, o jornal Folha de São Paulo publicou
reportagem mostrando que o governo de Minas construiu um aeroporto em
um terreno pertencente ao tio de Aécio.
Mazzeo acrescenta que,
além de faltar "carisma" ao candidato do PSDB, o próprio partido sofre
de um problema "estrutural": "O PSDB não apresenta nenhuma proposta
econômica profundamente diferente da do PT", diz o cientista político.
Para
Ismael, da PUC-Rio, o principal ponto fraco do tucano é "sua
dificuldade de falar com eleitores mais pobres, especialmente os do
Nordeste".
"O maior desafio de Aécio é tentar mostrar que suas
propostas para estimular o crescimento da economia não vão sacrificar as
conquistas sociais obtidas ao longo do governo petista", argumenta.
Já
para Baía, da UFRJ, o tucano, apesar de ter sido governador de Minas
Gerais durante oito anos, não "é um líder nacional testado".
"Aécio ainda não conseguiu obter projeção nacional a partir de seus feitos como líder mineiro", avalia.
Segundo Baía, essa lacuna é observada inclusive em São Paulo, tradicional celeiro da política tucana.
Marina Silva
Marina Silva
Idade: 56 anos
Formação: Historiadora
Partido: PSB (Partido Socialista Brasileiro)
Cargos ocupados: senadora, ministra do Meio Ambiente, deputada estadual, vereadora
Despontando
nas pesquisas de intenção de voto desde a morte do então candidato do
PSB à Presidência, Eduardo Campos, Marina Silva enfrenta o desafio de
unir as fileiras do partido em torno de sua candidatura, de acordo com
os especialistas.
Para Mazzeo, da Unesp de Marília, a candidata do PSB não "tem o apoio de todo o partido".
"Marina
não pertence à estrutura do PSB e só foi lançada candidata por causa de
uma costura feita pelo grupo hegemônico da legenda. O nome dela nunca
foi consenso e isso pode lhe causar problemas", acredita.
Outro
ponto fraco da candidata, dizem eles, está na falta de uma plataforma
ampla e clara que mostre sua visão sobre os vários problemas do país.
Na
avaliação de Ismael, da PUC-Rio, "Marina precisa mostrar aos eleitores
que tem um programa de governo que não se restringe à questão
ambiental".
"Ela capitaliza um eleitorado de maior renda e
escolaridade que já está cansado da alternância no poder do PT e do
PSDB. Mas ainda mantém uma visão muito monotemática. Ela não é mais uma
candidata do Partido Verde (PV) à Presidência, mas sim de uma
coligação", afirma o cientista político.
Ismael lembra, contudo,
que a escolha de nomes como o dos economistas André Lara Resende (um dos
pais do real) e Eduardo Giannetti para compor a equipe econômica da
candidata agradam ao mercado e beneficiam sua proposta política.
Para Baía, da UFRJ, a fraqueza de Marina seria "a falta de experiência como gestora".
"Marina
é um nome conhecido por todo o país desde as eleições de 2010. Já foi
senadora e ministra. Mas lhe falta no currículo uma experiência direta
com o povo", argumenta.
Baía não acredita, no entanto, que a
aproximação de Marina com alas religiosas mais conservadoras possa
interferir negativamente em sua candidatura.
"Não acho que o fato
de ela ser evangélica tenha influenciado em suas decisões como senadora
ou ministra. Além disso, as demais candidaturas têm os mesmos
compromissos religiosos que ela", conclui