sexta-feira, 2 de maio de 2014




Fenômeno climático previsto para este ano ameaça elevar os preços dos alimentos e e de outros produtos básicos





Fonte: Valor Econômico

O fenômeno climático conhecido como El Niño deve voltar este ano, fato que ameaça elevar os preços dos alimentos e de outros produtos básicos, segundo investidores e analistas.


As temperaturas no Oceano Pacífico estão subindo, levando os meteorologistas do governo americano a prever uma chance de mais de 65% de um El Niño até o fim do ano. O El Niño ocorre quando os ventos no Pacífico equatorial arrefecem ou invertem a direção. Isso aquece a água do mar em uma vasta área e pode alterar os padrões climáticos em todo o mundo. Em 1997, um El Niño recorde causou fortes chuvas e deslizamentos na Califórnia e falta de água na Austrália.


O El Niño é associado a fortes aumentos de preços em mercados tão diversos quanto níquel, café e soja, e os investidores, operadores e analistas de commodities estão se preparando para o impacto. O Société Générale SA criou recentemente um índice de commodities El Niño, a pedido de um cliente que deseja negociar com base nessa anomalia meteorológica.


O El Niño ameaça ressurgir num momento em que as reservas mundiais de muitas matérias-primas já estão ficando escassas. Os investidores estão se abarrotando de contratos de futuros de commodities que devem subir de valor se as reservas mundiais de alimentos encolherem ainda mais. Gestores de fundos estão mantendo mais aplicações que apostam na subida dos papéis do que na queda em todos os 16 principais mercados de futuros agrícolas, segundo uma análise feita pelo The Wall Street Journal de dados monitorados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos Estados Unidos. A última vez que isso aconteceu foi em junho de 2011, quando os preços em muitos mercados de commodities estavam perto do seu ponto mais alto em décadas.


Se um El Niño se formar, vai ser "muito estressante", diz Hector Galvan, estrategista de mercado sênior da corretora americana RJO Futures. "Vai ser só mais lenha na fogueira desses mercados."


O El Niño pode afetar os mercados de commodities de maneiras surpreendentes.


Embora as chuvas imprevisíveis sejam a característica principal do El Niño, os analistas do Société Générale descobriram que são as mineradoras, e não os agricultores que têm mais motivos para se preocupar. Desde 1991, os preços do níquel tiveram a maior alta, de 13,9%, durante os anos de El Niño, entre as 11 commodities monitoradas pelo índice do banco.


O motivo: o El Niño causa tempo seco na Indonésia, o maior produtor mundial de níquel, que é usado para fortalecer o aço. Os equipamentos de mineração no país dependem muito de energia hidrelétrica; quanto menos chuva, menos níquel se pode produzir.


"Pode-se ganhar muito dinheiro apostando na subida do níquel se tivermos um El Niño", diz Michael Haigh, diretor global de pesquisa de commodities no Société Générale. Os preços do níquel já saltaram este ano devido a novas restrições à exportação na Indonésia.


O nome de El Niño, "menino" em espanhol, é uma referência ao menino Jesus, porque muitas vezes ele ocorre na época do Natal, embora os meteorologistas australianos prevejam que o próximo pode se formar logo em julho.


Mais fenômenos climáticos extremos podem elevar ainda mais o preço das commodities, que já estão em alta, como café, açúcar e soja, pressionando o orçamento do consumidor e prejudicando a recuperação econômica nos países desenvolvidos. Os preços mais altos das commodities também podem provocar distúrbios nos países pobres que importam grande parte dos seus alimentos, dizem analistas.


"Essas pressões climáticas, combinadas com o El Niño, podem criar uma combinação muito negativa", diz John Baffes, economista sênior do Banco Mundial. "Basicamente, se tivermos um ano de El Niño e os preços subirem demais, então com certeza veremos algumas agitações."


Os preços mundiais dos alimentos, que pelas estimativas do início de 2014 ficariam basicamente estáveis este ano, podem facilmente subir 15% para níveis recordes, apenas três meses após um El Niño, diz Baffes, coautor do boletim trimestral de análise de commodities do Banco Mundial, divulgado quinta-feira.


Baffes apontou a África do Norte e o Oriente Médio, regiões altamente dependentes da importação de grãos, como possíveis pontos de conflito. E acrescentou que a Índia, que normalmente tem menos chuvas na estação das monções nos anos de El Niño, também pode ser duramente atingida, já que o país consome quase todos os alimentos básicos, como arroz e trigo, que seus agricultores produzem.


Os cafeicultores brasileiros, afetados pela seca, gostariam de receber as chuvas que o El Niño normalmente traz para a região, se elas viessem hoje. Mas em julho ou agosto, as chuvas só serviriam para atrasar a colheita, reduzindo ainda mais as reservas de grãos do café arábica, apreciados pelo sabor suave. O preço do arábica quase dobrou este ano devido aos temores de escassez.


Os amantes do chocolate também podem ter motivo de preocupação. O El Niño reduz a produção de cacau em 2,4% em média, segundo a Organização Internacional do Cacau. Isso se somaria a uma escassez já esperada, que elevou os preços 8,7% este ano.


Nem todos os efeitos do El Niño são negativos. O fenômeno tipicamente traz chuva para a Califórnia, que este ano foi devastada pela seca. Isso pode beneficiar culturas como limão, abacate e amêndoas. Os preços das três commodities, que não são negociadas em bolsa, tiveram forte alta nos EUA este ano.


"Se os mercados estiverem mais preocupados com os padrões climáticos em todo o país [nos Estados Unidos] e em todo o mundo, isso vai acabar afetando os preços", diz Matt Forester, diretor de investimentos da CFG Asset Management, gestora americana, que administra uma carteira de US$ 335 milhões.


Se o El Niño interromper a produção nas principais regiões de cultivo, ele pode dar impulso aos resultados de empresas especializadas na logística do comércio agrícola, diz Desmond Cheung, gerente do braço de investimento em ações do setor agrícola do fundo de US$ 441 milhões Commodity Strategies Fund, da BlackRock Inc. Isso inclui empresas como a Archer Daniels Midland Co., Bunge Ltd., Cargill Inc. e Louis Dreyfus Commodities BV.


Alexandra Wexler (The Wall Street Journal)



Desde o início da semana, está sendo instalada, toda fiação de fibra óptica, objetivo abranger toda cidade.

O sinal de internet banda larga estará disponível para venda, dentro de dois meses.




Com alta de 8% em comparação com a safra anterior, dívida do setor sucroalcooleiro atingiu mais de 40 bilhões de reais




Fonte: Agência Estado


O endividamento do setor sucroalcooleiro atingiu R$ 42,42 bilhões na safra de 2013/2014, encerrada em março, alta de 8% sobre a dívida de R$ 39,26 bilhões da safra anterior, de acordo com avaliação preliminar do diretor comercial para açúcar e etanol do Itaú BBA, Alexandre Enrico Figliolino.


No entanto, com o aumento da produção, a dívida por tonelada de cana processada recuou de R$ 104 para R$ 99, informou o executivo, com base numa avaliação preliminar no setor feita com dados de 65 grupos, capazes de processar 429 milhões de toneladas por safra, ou 72% da moagem do Centro-Sul do País.


De acordo com o diretor do Itaú BBA, o crescimento muito superior do endividamento ante o aumento da produção preocupa. "Desde 2003 o endividamento cresceu 19 vezes e a produção pouco mais que dobrou."


Na avaliação de Figliolino, entre os grupos avaliados, apenas 12 possuem situação considerada boa, com operação ajustada a baixa alavancagem. Outros 35 estão em situação mediana e 18 têm "operação muito ruim e alavancagem alta".


Para a safra 2014/2015, o cenário é desanimador para o setor, na avaliação de Figliolino. Os custos devem crescer 13%, com salários mais altos, quebra na safra, sem perspectivas de mudança na política de preços dos combustíveis antes das eleições.


"Um terço do setor está indo pro brejo em dois ou três anos, ou seja, são 200 milhões de toneladas de cana, ou duas Tailândias", afirmou. "Além da dívida desse terço só crescer, as usinas têm canaviais deteriorados e problemas de pagamento dos fornecedores."


Curiosamente, segundo o executivo, o cenário de crise pode incentivar uma retomada nas fusões e aquisições de usinas, após apenas quatro operações nos últimos dois anos. "Acho que estamos em um ponto de inflexão da curva, e talvez este ano possamos ter anúncios de algumas transações do setor."

Riscos

A agência de classificação de riscos Fitch divulgou na sexta-feira comunicado alertando para o risco de default das empresas sucroalcooleiras brasileiras. Segundo a

Fitch, estrutura de capital fraca e fluxo de caixa apertado combinados com previsões pouco promissoras para o setor elevam o risco de inadimplência em 2014.


Quatro das seis companhias no portfólio da Fitch mostram alto ou moderado risco de refinanciamento e fontes alternativas limitadas de liquidez. Essas empresas devem continuar dependentes de crédito dos bancos locais, já que os mercados internacionais de dívida devem se tornar mais duros com companhias que pagam altos retornos em 2014. A Fitch espera recuperação modesta para os preços do açúcar na safra 2014/15.


Gustavo Porto

Com Dow Jones Newswires e informações do jornal O Estado de S. Paulo.



Vítima afirmou em depoimento que grupo era levado para trabalhar durante o dia e depois permanecia trancado num quarto




A Polícia Civil do Rio informou neste domingo, 27, que capturou três homens acusados de manter quatro pessoas reféns, sendo forçados a trabalhar, por mais de dez anos. Paulo César Azevedo Girão, Marcelo Conceição Azevedo Girão e Roberto Melo de Araújo foram presos em flagrante pelo crime de redução à condição análoga à escravidão.


A operação foi realizada por policiais da 134ª Delegacia de Polícia (Campos dos Goytacazes) e da 141ª Delegacia de Polícia (São Fidélis). Uma das vítimas teria fugido do local onde era mantida, uma fazenda em Angelim, São Fidélis (norte do Estado do Rio), e procurou a 141ª DP, segundo informações da polícia.


A vítima afirmou em depoimento que os reféns eram levados a um local às 4 horas da manhã, onde trabalhavam até as 17 horas. Após o expediente, retornavam à fazenda, onde eram trancados no quarto. Nenhum deles possuía carteira assinada, assim como não recebia remuneração. Eles viviam num situação sub-humana, com uma ou duas refeições por dia, informou a Polícia Civil. Foi realizada uma perícia no local e as vítimas encaminhadas para exame de corpo de delito.