01 Maio 2014
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Fenômeno climático previsto para este ano ameaça elevar os preços dos alimentos e e de outros produtos básicos
Fonte: Valor Econômico

O fenômeno climático conhecido como El Niño deve voltar este ano, fato que ameaça elevar os preços dos alimentos e de outros produtos básicos, segundo investidores e analistas.
As temperaturas no Oceano Pacífico estão subindo, levando os
meteorologistas do governo americano a prever uma chance de mais de 65%
de um El Niño até o fim do ano. O El Niño ocorre quando os ventos no
Pacífico equatorial arrefecem ou invertem a direção. Isso aquece a água
do mar em uma vasta área e pode alterar os padrões climáticos em todo o
mundo. Em 1997, um El Niño recorde causou fortes chuvas e deslizamentos
na Califórnia e falta de água na Austrália.
O El Niño é associado a fortes aumentos de preços em mercados
tão diversos quanto níquel, café e soja, e os investidores, operadores e
analistas de commodities estão se preparando para o impacto. O Société
Générale SA criou recentemente um índice de commodities El Niño, a
pedido de um cliente que deseja negociar com base nessa anomalia
meteorológica.
O El Niño ameaça ressurgir num momento em que as reservas
mundiais de muitas matérias-primas já estão ficando escassas. Os
investidores estão se abarrotando de contratos de futuros de commodities
que devem subir de valor se as reservas mundiais de alimentos
encolherem ainda mais. Gestores de fundos estão mantendo mais aplicações
que apostam na subida dos papéis do que na queda em todos os 16
principais mercados de futuros agrícolas, segundo uma análise feita pelo
The Wall Street Journal de dados monitorados pela Comissão de
Negociação de Futuros de Commodities dos Estados Unidos. A última vez
que isso aconteceu foi em junho de 2011, quando os preços em muitos
mercados de commodities estavam perto do seu ponto mais alto em décadas.
Se um El Niño se formar, vai ser "muito estressante", diz Hector
Galvan, estrategista de mercado sênior da corretora americana RJO
Futures. "Vai ser só mais lenha na fogueira desses mercados."
O El Niño pode afetar os mercados de commodities de maneiras surpreendentes.
Embora as chuvas imprevisíveis sejam a característica principal
do El Niño, os analistas do Société Générale descobriram que são as
mineradoras, e não os agricultores que têm mais motivos para se
preocupar. Desde 1991, os preços do níquel tiveram a maior alta, de
13,9%, durante os anos de El Niño, entre as 11 commodities monitoradas
pelo índice do banco.
O motivo: o El Niño causa tempo seco na Indonésia, o maior
produtor mundial de níquel, que é usado para fortalecer o aço. Os
equipamentos de mineração no país dependem muito de energia
hidrelétrica; quanto menos chuva, menos níquel se pode produzir.
"Pode-se ganhar muito dinheiro apostando na subida do níquel se
tivermos um El Niño", diz Michael Haigh, diretor global de pesquisa de
commodities no Société Générale. Os preços do níquel já saltaram este
ano devido a novas restrições à exportação na Indonésia.
O nome de El Niño, "menino" em espanhol, é uma referência ao
menino Jesus, porque muitas vezes ele ocorre na época do Natal, embora
os meteorologistas australianos prevejam que o próximo pode se formar
logo em julho.
Mais fenômenos climáticos extremos podem elevar ainda mais o
preço das commodities, que já estão em alta, como café, açúcar e soja,
pressionando o orçamento do consumidor e prejudicando a recuperação
econômica nos países desenvolvidos. Os preços mais altos das commodities
também podem provocar distúrbios nos países pobres que importam grande
parte dos seus alimentos, dizem analistas.
"Essas pressões climáticas, combinadas com o El Niño, podem
criar uma combinação muito negativa", diz John Baffes, economista sênior
do Banco Mundial. "Basicamente, se tivermos um ano de El Niño e os
preços subirem demais, então com certeza veremos algumas agitações."
Os preços mundiais dos alimentos, que pelas estimativas do
início de 2014 ficariam basicamente estáveis este ano, podem facilmente
subir 15% para níveis recordes, apenas três meses após um El Niño, diz
Baffes, coautor do boletim trimestral de análise de commodities do Banco
Mundial, divulgado quinta-feira.
Baffes apontou a África do Norte e o Oriente Médio, regiões
altamente dependentes da importação de grãos, como possíveis pontos de
conflito. E acrescentou que a Índia, que normalmente tem menos chuvas na
estação das monções nos anos de El Niño, também pode ser duramente
atingida, já que o país consome quase todos os alimentos básicos, como
arroz e trigo, que seus agricultores produzem.
Os cafeicultores brasileiros, afetados pela seca, gostariam de
receber as chuvas que o El Niño normalmente traz para a região, se elas
viessem hoje. Mas em julho ou agosto, as chuvas só serviriam para
atrasar a colheita, reduzindo ainda mais as reservas de grãos do café
arábica, apreciados pelo sabor suave. O preço do arábica quase dobrou
este ano devido aos temores de escassez.
Os amantes do chocolate também podem ter motivo de preocupação. O
El Niño reduz a produção de cacau em 2,4% em média, segundo a
Organização Internacional do Cacau. Isso se somaria a uma escassez já
esperada, que elevou os preços 8,7% este ano.
Nem todos os efeitos do El Niño são negativos. O fenômeno
tipicamente traz chuva para a Califórnia, que este ano foi devastada
pela seca. Isso pode beneficiar culturas como limão, abacate e amêndoas.
Os preços das três commodities, que não são negociadas em bolsa,
tiveram forte alta nos EUA este ano.
"Se os mercados estiverem mais preocupados com os padrões
climáticos em todo o país [nos Estados Unidos] e em todo o mundo, isso
vai acabar afetando os preços", diz Matt Forester, diretor de
investimentos da CFG Asset Management, gestora americana, que administra
uma carteira de US$ 335 milhões.
Se o El Niño interromper a produção nas principais regiões de
cultivo, ele pode dar impulso aos resultados de empresas especializadas
na logística do comércio agrícola, diz Desmond Cheung, gerente do braço
de investimento em ações do setor agrícola do fundo de US$ 441 milhões
Commodity Strategies Fund, da BlackRock Inc. Isso inclui empresas como a
Archer Daniels Midland Co., Bunge Ltd., Cargill Inc. e Louis Dreyfus
Commodities BV.
Alexandra Wexler (The Wall Street Journal)
30 Abril 2014
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Desde o início da semana, está sendo instalada, toda fiação de fibra óptica, objetivo abranger toda cidade.
O sinal de internet banda larga estará disponível para venda, dentro de dois meses.


28 Abril 2014
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Com alta de 8% em comparação com a safra anterior, dívida do setor sucroalcooleiro atingiu mais de 40 bilhões de reais
Fonte: Agência Estado
O endividamento do setor sucroalcooleiro atingiu R$ 42,42
bilhões na safra de 2013/2014, encerrada em março, alta de 8% sobre a
dívida de R$ 39,26 bilhões da safra anterior, de acordo com avaliação
preliminar do diretor comercial para açúcar e etanol do Itaú BBA,
Alexandre Enrico Figliolino.
No entanto, com o aumento da produção, a dívida por tonelada de
cana processada recuou de R$ 104 para R$ 99, informou o executivo, com
base numa avaliação preliminar no setor feita com dados de 65 grupos,
capazes de processar 429 milhões de toneladas por safra, ou 72% da
moagem do Centro-Sul do País.
De acordo com o diretor do Itaú BBA, o crescimento muito
superior do endividamento ante o aumento da produção preocupa. "Desde
2003 o endividamento cresceu 19 vezes e a produção pouco mais que
dobrou."
Na avaliação de Figliolino, entre os grupos avaliados, apenas 12
possuem situação considerada boa, com operação ajustada a baixa
alavancagem. Outros 35 estão em situação mediana e 18 têm "operação
muito ruim e alavancagem alta".
Para a safra 2014/2015, o cenário é desanimador para o setor, na
avaliação de Figliolino. Os custos devem crescer 13%, com salários mais
altos, quebra na safra, sem perspectivas de mudança na política de
preços dos combustíveis antes das eleições.
"Um terço do setor está indo pro brejo em dois ou três anos, ou
seja, são 200 milhões de toneladas de cana, ou duas Tailândias",
afirmou. "Além da dívida desse terço só crescer, as usinas têm canaviais
deteriorados e problemas de pagamento dos fornecedores."
Curiosamente, segundo o executivo, o cenário de crise pode
incentivar uma retomada nas fusões e aquisições de usinas, após apenas
quatro operações nos últimos dois anos. "Acho que estamos em um ponto de
inflexão da curva, e talvez este ano possamos ter anúncios de algumas
transações do setor."
Riscos
A agência de classificação de riscos Fitch divulgou na sexta-feira comunicado alertando para o risco de default das empresas sucroalcooleiras brasileiras. Segundo a
Fitch, estrutura de capital fraca e fluxo de caixa apertado combinados com previsões pouco promissoras para o setor elevam o risco de inadimplência em 2014.
Quatro das seis companhias no portfólio da Fitch mostram alto ou
moderado risco de refinanciamento e fontes alternativas limitadas de
liquidez. Essas empresas devem continuar dependentes de crédito dos
bancos locais, já que os mercados internacionais de dívida devem se
tornar mais duros com companhias que pagam altos retornos em 2014. A
Fitch espera recuperação modesta para os preços do açúcar na safra
2014/15.
Gustavo Porto
Com Dow Jones Newswires e informações do jornal O Estado de S. Paulo.
28 Abril 2014
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Vítima afirmou em depoimento que grupo era levado para trabalhar durante o dia e depois permanecia trancado num quarto
