Escrito por Almir Saldanha
|
11 Maio 2014
Brasília
Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil Edição: Davi Oliveira
A formalização do mercado de trabalho e o aumento do salário dos
trabalhadores são os fatores que mais contribuíram para a queda da
desigualdade social nos últimos anos. Esses dois fatores superam até
mesmo outras fontes de renda do brasileiro provindas do Orçamento da
União, como a Previdência e programas sociais concedidos pelo governo.
Para a conta, foi utilizado como benefício social o índice de Gini, que
mede a desigualdade de renda.
construção civil

De acordo com o ministro Marcelo Neri, o trabalho contribuiu com 54,9%
para a redução da desigualdade entre 2002 e 2012.Tânia Rêgo/Agência Brasil
Os
dados fazem parte da apresentação feita pelo ministro da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, à
presidenta Dilma Rousseff e a 20 ministros na última segunda-feira (5),
e informam que o trabalho contribuiu com 54,9% para a redução da
desigualdade entre 2002 e 2012.
Saiba Mais
Bem-estar e inclusão crescem apesar de problemas na economia, diz novo ministro
O
conjunto de informações é parte de uma compilação sobre o
desenvolvimento inclusivo sustentável, na qual Marcelo Neri buscou
repassar aos seus colegas e à presidenta a ideia de que o dinheiro no
bolso é mais importante para o cidadão comum do que o baixo crescimento
da economia apresentado recentemente.
A estratégia de investir na
valorização do salário e não apenas em programas de transferência de
renda gera resultados positivos para alguns analistas porque seu
resultado prático é o aumento da renda dos brasileiros assalariados. No
entanto, segundo o professor de economia da Universidade de Brasília,
Roberto Ellery, é necessário discutir a sustentabilidade dessa política.
“Se
queremos continuar esse caminho [de aumento dos salários], é preciso
aumentar a produtividade”, avaliou o professor, acrescentando que, caso
contrário, o país terá problemas com a inflação e com o setor externo.
De acordo com Ellery, os investimentos na melhoria dos serviços e na
eficiência da produtividade podem impedir essa situação. Para isso,
segundo ele, é necessário focar na infraestrutura para que a produção
nacional não registre prejuízos com estradas em más condições, portos
operando sem a capacidade necessária nem com problemas no setor
energético.
Com base nos dados da SAE, as políticas que mais
contribuem para o bem estar social, depois do trabalho, são o Bolsa
Família, o pagamento da Previdência acima do piso e a aposentadoria com
base no salário mínimo, com 12,2%, 11,4% e 9,4%, respectivamente. “O
brasileiro em suas casas está tendo um desempenho bem acima do
desempenho que as contas nacionais e a maior parte dos economistas
analisa”, disse o ministro, ao citar a valorização dos benefícios do
Bolsa Família e da Previdência acima da inflação.
O programa de
transferência de renda, que repassa recursos a famílias com renda per
capita inferior a R$ 70 mensais, também atua de uma forma importante no
combate à desigualdade. Segundo os números, o custo-benefício de cada
real gasto com o Bolsa Família impacta a desigualdade quase quatro vezes
mais do que o benefício da Previdência Social. “Uma das belezas do
Bolsa Família é que ele tem um impacto social muito grande, gasta pouco e
consegue efeito muito grande”, explica o professor Ellery.