Escrito por Almir Saldanha
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10 Junho 2013
Fonte:Gazeta Maringá
Cidades das regiões Noroeste e Centro-oeste do Paraná tiveram 217
trabalhadores retirados de condições análogas à escravidão. Segundo
Ministério do Trabalho e Emprego, os resgatados atuavam no setor
sucroalcooleiro
Perobal (no Noroeste do Paraná) e Engenheiro Beltrão (no
Centro-oeste) são as cidades da Região Sul do país que mais tiveram
trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão em 2012. É o
que aponta levantamento atualizado mês passado pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
De acordo com o balanço da Secretaria de Inspeção do Trabalho,
Perobal teve 125 pessoas resgatadas, segunda maior quantidade do país,
atrás apenas de Marabá (PA), com 150 retirados. Na ocasião, os fiscais
lavraram 34 autos de infração e emitiram 125 guias de seguro-desemprego.
Trabalhadores resgatados no Paraná em 2012
Perobal – 125
Engenheiro Beltrão - 92
Tunas do Paraná – 15
São Mateus do Sul – 10
Palmas – 9
Reserva - 5
saiba mais
Ninguém é preso por trabalho escravo
Já Engenheiro Beltrão aparece na sexta posição nacional, com 92
pessoas flagradas em condições inadequadas de trabalho, logo abaixo de
Belo Horizonte (MG), com 115; Penedo (AL), com 110 e São Paulo (SP), com
95. Juntas, as duas cidades paranaenses respondem por 84,7% dos
trabalhadores resgatados em 2012 no Estado.
Equipes do MTE também retiraram 15 pessoas em Tunas do Paraná,
10 em São Mateus do Sul, nove em Palmas e cinco em Reserva. Em todo o
Paraná, foram realizadas 11 operações em 13 estabelecimentos, que
resultaram em 256 pessoas resgatadas, a quarta maior quantidade do
Brasil, atrás do Pará (563), Minas Gerais (394) e Tocantins (321).
Em todo o Paraná foram lavrados 225 autos de infração e pagos R$
1,4 milhão de indenização aos resgatados. Apenas sete trabalhadores
tiveram os contratos formalizados durante a ação fiscal. Trabalhadores
resgatados atuavam no setor sucroalcooleiro
De acordo com o “ranking de resgatados”, os trabalhadores
retirados de condições análogas à escravidão em Perobal e Engenheiro
Beltrão trabalhavam no setor sucroalcooleiro. No entanto, o nome das
empresas ou propriedades rurais onde ocorreram as irregularidades não
foram divulgadas.
Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia
do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin, a entidade não recebeu
nenhuma denúncia sobre usinas que estivessem atuando de forma irregular
quanto aos funcionários. “Não temos conhecimento de nenhuma unidade com
esses problemas. Sem denúncias, não há como verificar a situação ou
tomar alguma medida”, afirmou.
O Ministério do Trabalho e Emprego mantém um cadastro nacional
de pessoas e empresas autuadas por exploração do trabalho escravo, que é
atualizado semestralmente. No entanto, o registro não conta com nenhum
estabelecimento de Perobal ou Engenheiro Beltrão. O cadastro pode ser
acessado pelo site do MTE e sua última atualização foi feita em dezembro
do ano passado.
Brasil
Em todo país, 2.750 trabalhadores foram encontrados em situação
análoga à de escravo em 2012, sendo que 2.573 desses foram resgatados
dessa condição pelas equipes de fiscalização em todo o país. O número
representa um aumento de 14,37% no número de pessoas resgatadas em
relação a 2011, com um total de 2491 resgates.
Segundo avaliação da Secretaria de Inspeção do Trabalho, o
número cresceu ocorreu por causa do aumento da fiscalização no meio
urbano e a expansão das ações fiscais em regiões até então não
inspecionadas com habitualidade. As operações ocorreram em 13 estados e
resultaram em 3.695 autos de infração e no pagamento total de R$ 9,9
milhões em verbas rescisórias.